quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Alejandro Alvaréz

Então, o Alejandro era um amigo que conheci em Curitiba, ele participava de um intercâmbio esportivo em nosso grupo de amigos que andavam de bike. Conheci ele no ano de 2001, eu tinha 14 anos e estava apenas começando a brincar de andar de bicicleta, mas ele era profissional, tinha 23 anos de idade e havia começado no mundo do ciclismo também com 14. Eu e o Alejandro nos tornamos bons amigos, pois ele me ajudava na manutenção da minha bike e me dava apoio quando o folego faltava pra terminar algum percurso. Ele já era profissional na época e vivia do ciclismo, então, foi embora do Brasil para sua terra natal no México no final do ano de 2001, pois havia ganho um patrocinio beem generoso para que ele corresse em alguns campeonatos internacionais. O tempo foi passando, e nos comunicávamos exporadicamente via internet. No ano de 2003, soube que ele também havia se inscrito no campeonato de downhill em Campos do Jordão, ele correria como atleta da categoria master. Então, em julho de 2003, eu e alguns integrantes mais antigos do nosso grupo nos encontramos com o Alejandro no mirante de Campos do Jordão para conversarmos e ver como andava a vida dele como ciclista, ficamos conversando durante horas, e combinamos que depois da conversa faríamos o nosso último treino antes de começar o campeonato. Foi neste treino que eu sofri meu acidente, e foi o Alejandro que chamou o resgate para mim, que me acompanhou dentro da ambulância até o hospital, e principalmente, o cara que perdeu uma das corridas mais importantes da carreira dele como ciclista para ficar junto comigo no hospital. O Alejandro era simplesmente meu melhor de amigo de pedal a partir deste dia, nem o treinador quis me acompanhar para o hospital, e um cara que era de outro país e que não tinha nada a ver comigo ficou ali comigo me dando força. Depois que tudo em minha vida estava resolvido e depois ainda de eu ter desistido de andar de bicicleta por causa do acidente, nós conversávamos pela internet quase todos os dias. Em junho de 2008 percebi que ele não entrava mais na internet. No mês de setembro de 2008 o msn dele estava com status online, quando cumprimentei-o veio a noticia na hora dada por um irmão dele que dizia exatamente:" Aquí está el hermano de Alejandro, por desgracia, ya no está con nosotros. " Que quer dizer: Aquí é o irmão do Alejandro, infelizmente ele não se encontra mais conosco. Comecei a conversar com o irmão dele e soube que ele foi tragicamente atropelado no México na cidade de Matamorros por um motorista que perdeu o controle de seu veículo e bateu em cheio num grupo que participava de um passeio ciclístico ecológico . O Alejandro morreu fazendo o que gostava de fazer, não importava o quanto as pessoas falavam pra ele, ele nunca desanimou de seus sonhos, tanto que ele chegou onde queria em sua carreira, e com certeza ele tinha potencial pra muito mais.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ciclista doido

Um ciclista doido, era o meu jeito quanto eu tinha uns 16 anos...

Gostaria de partilhar algumas experiências e curiosidades com vocês leitores.
Houve no mês de julho de 2003 um campeonato de Downhill na cidade de Campos do Jordão em São Paulo, a cidade mais alta do Brasil, conhecida como Suiça Brasileira. Devido a altitude da cidade, ficava um pouco difícil de respirar, afinal, são 2800m de altitude, e quanto mais alta a cidade é em relação ao nível do mar, mais rarefeito o ar se torna, por isso precisamos de uns 5 dias de treinamento até se acostumar com a nova condição atmosférica. Mas uma coisa é preciso ser dita, Campos do Jordão possui o ar mais puro do Brasil. Em 1957, o ar de Campos do Jordão foi considerado o mais puro do mundo. Mas voltando ao assunto... Era a minha primeira prova oficial na categoria iniciante de Downhill, mas infelizmente eu nem consegui competir. Exatamente em meu ultimo treinamento, que era na trilha do teleférico, eu topei com uma raposa no meio do carreiro, a bike estava a exatos 47km/h, quando eu atropelei o bichinho, logicamente eu caí da bike, e fui ralando no chão por uns 15 metros até bater com o ombro na única arvore que poderia oferecer alguma ameaça na trilha, com o impacto, fraturei a clavícula. Faltava exatamente 21hs para a largada da prova. Na hora do acidente eu desmaiei e só fui acordar no hospital com o Alejandro (in memorian) tentando fazer com que eu acordasse. Eu já estava com a tipóia colocada no braço direito, com os curativos no rosto e com uma atadura na perna e no pé esquerdo. Todas as esfoladas e minha clavícula doiam muito, mais o que mais doia, era saber que eu não poderia competir. A pior sensação do mundo é saber que o seu sonho não será realizado.
Hoje graças a Deus não levo comigo nenhuma seqüela física do acidente, a não ser um calo ósseo na clavícula, mas psicologicamente estou abalado até hoje por saber que eu fui o unico responsável por não ter conseguido.
Depois daquela época, eu nunca mais tive coragem se quer de pular um barranco de 1 metro de altura, meu corpo trava e a minha unica reação é apertar o freio. Mas talvez assim seja melhor, pois tive um exemplo de como o esporte é perigoso.

Se você possui alguma experiência marcante com sua bicileta, compartilhe-a conosco...